sexta-feira, 24 de julho de 2009

122 ANOS DE HISTÓRIA BANDA DE MÚSICA DA PMRN

A BANDA DE MÚSICA DA POLÍCIA MILITAR DO RIO GRANDE DO NORTE: 122 ANOS DE HISTÓRIA
A história da música na antiguidade evidencia a importância da música na sociedade como instrumento de integração e socialização. Contudo, a música também tem sido utilizada através dos séculos para fins de batalhas e combates militares com a presença de músicos nos regimentos militares.

No entanto, a terminologia banda de música só é apresentada pela primeira vez em 1678 na Inglaterra, pois até então só havia notícia de músicos nas tropas. A partir de então as bandas de músicas militares não cessaram de se multiplicar e desenvolver repertório próprio inerentes à sua condição de militares.

No Brasil, os músicos militares também exercem um papel relevante na sociedade brasileira desde os tempos coloniais. Porém, não mais motivados somente pelos combates e batalhas, mas principalmente através de suas apresentações cívicas, religiosas e muito mais sociais do que no início da história da música em ambiente militar.

Ainda hoje a banda de música militar permanece mantendo a sociedade brasileira com boa música e bons músicos, aceitando em seus quadros jovens instrumentistas que encontram na vida militar aliada à formação musical um modo de inclusão social.

Neste contexto se inserem as bandas de música das Polícias Militares, que além de desenvolverem trabalho de segurança pública ostensiva, mantêm em seu contingente um quadro de músicos objetivando a conservação das tradições musicais e cívicas de bandas militares.

Em consonância a esta realidade, no Estado do Rio Grande do Norte, baseada na lei nº. 982 de 16 de julho de 1886, foi criada a banda de música do Batalhão de Segurança, hoje Banda de Música da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, que iniciou suas atividades, tendo como primeira formação 10 (dez) instrumentistas. O grupo executava repertório voltado de forma mais especificamente para a caserna, como as marchas marciais, os hinos pátrios, buscando manter os tradicionais cantos de guerra dos exércitos do Reino.

Todavia, somente cinco anos mais tarde, em 1891, é que foram publicados os editais de convocação no jornal A República, oferecendo vagas para o contrato de músicos da província, ou de outras unidades do Império. Deste modo em 1892, formava-se o primeiro conjunto de 10 instrumentistas, número este aumentado para 20 no ano seguinte e sofrendo acréscimo com o passar dos anos, à medida que crescia o efetivo do batalhão.

Dentre os 10 (dez) primeiros integrantes da Banda do batalhão de segurança, vale ressaltar os nomes dos pioneiros deste conjunto musical: o primeiro policial militar contratado para exercer a função de músico, o soldado Antônio Soares Paixão e o primeiro mestre contratado, o Antônio Paulino de Andrade em 1893, que ao ser contratado, logo fez jus a graduação de 3º sargento Músico.

Já em 1898 o efetivo do batalhão de segurança era de 394 policiais e a banda de música era composta por 10 soldados de 1º classe e 10 de 2º classe além de um mestre e um contramestre.
Em meio aos diversos nomes que contribuíram para o desenvolvimento musical da Banda de Música da PMRN, vale destacar a colaboração do maestro Italiano Luigi Maria Smido, que apesar de civil, não possuindo vínculos na carreira militar tradicional, atuou também a frente da banda de música como regente e deixando no arquivo grandes obras de compositores italianos. O italiano também foi o primeiro regente da orquestra sinfônica do Rio Grande do Norte.


Banda de música da PMRN e o Maestro Luigi Maria Smido (07/09/1922)

Fonte: IHG-RN (Instituto Histórico-Geográfico do RN)


Outros maestros contribuíram para a boa performance da banda, e assim registram-se os seguintes nomes: José Gomes da Silva, Enéas Hipólito Dantas, Luis Gonzaga César de Paiva, Antônio Pedro Dantas (Tonheca Dantas), Major PM Lourival Cavalcante Duarte, 1º tenente Luís Alcântara Lucas, Tenente Djalma Ribeiro da Silva e Tenente Juvenal Lira.

Dentre estes vale ressaltar o nome de Tonheca Dantas, músico que fez parte do quadro da Banda de Música da PMRN, tornando-se imortal através de suas obras Royal Cinema, A Desfolhar Saudades, Delírio, Melodia do Bosque e tantas outras. Composições que tiveram destaque mundial através das rádios BBC de Londres e Mundial de Moscou. Com intuito de homenageá-lo, foi posto o nome do exímio músico e maestro nos auditórios da Banda de Música da PMRN e da Orquestra Sinfônica do RN.

Segundo consta no arquivo da PMRN, Tonheca Dantas foi contratado em 30 de maio de 1898[1] com a função de mestre de música por um período de três anos, sendo dispensado do curso de formação de soldado.

Galvão (1998, p. 48) descreve um exemplo da versatilidade musical de Antonio Pedro Dantas (Tonheca Dantas) durante um episódio ocorrido no momento da contratação:

Em seguida foi a vez de Tonheca Dantas. O comandante lhe entregou uma partitura diferente da primeira e perguntou ao candidato qual o instrumento que iria escolher. ‘Qualquer um...’ respondeu. ‘O Sr. Diga qual o que quer’. Os membros da comissão se entreolharam, surpresos com a audácia daquele sertanejo moreno e franzino e resolveram por a prova seus conhecimentos mandando que fosse tocando a peça nos diversos instrumentos da banda.


No decorrer da história da Banda de Música da PMRN existiram concertos marcantes, porém dentre eles pode-se destacar o ocorrido na noite de 7 de setembro de 1922, realizado no teatro Carlos Gomes (hoje teatro Alberto Maranhão), como parte das comemorações alusivas ao centenário da independência do Brasil.

Na época, o jornal A República publicou no dia 10 daquele mês a seguinte notícia:



Á noite, presente o governador do estado e ex (ma) família, o teatro Carlos Gomes apresentava uma extraordinária apresentação de grande importância do ponto de vista da sociedade uma vez que pela primeira vez no mesmo pouco se juntou à música instrumental e vocal. Ambos sob a mesma direção do Maestro Luigi Smido, Tomaz Babini e o Tenente José Gomes, com o concurso dos alunos das escolas Normal e Doméstica e da Banda do Batalhão de Segurança. (WANDERLEY, p.40)


No transcorrer de sua história a banda de música da PMRN tem participado de acontecimentos importantes que marcaram a história de nosso país. Podendo-se aqui mencionar sua participação juntamente com um contingente da Polícia Militar do Estado do RN em um desfile na cidade do Recife no ano de 1954, em comemoração aos 300 anos da Restauração Pernambucana.

Contudo, na história das instituições de modo geral não existem apenas momentos de glória e satisfação, havendo reveses que as marcam negativamente. Desta feita, a história da Banda de Música da PMRN foi marcada por um episódio de grande tristeza vivenciado pela sociedade potiguar no mês de fevereiro do ano de 1984: durante a comemoração do carnaval um grupo de 8 (oito) policiais músicos foi morto por um ônibus desgovernado no bairro da Cidade Alta enquanto executavam seus instrumentos numa orquestra de frevo. Diante desse acontecido, foi necessária a contratação de músicos em caráter emergencial para preencher as lacunas deixadas.
Atualmente, o corpo musical da Banda de Música da PMRN é composto por 89 músicos, sendo sua sede localizada no Quartel do Comando Geral na capital. As atividades musicais são desenvolvidas em todo o Estado, principalmente na cidade do Natal.

Merece destaque a quantidade de apresentações feitas durante o ano, então para melhor atender a demanda foi preciso dividir a banda em três frações: estando duas atuantes na capital e outra em Mossoró. As solicitações são diversas, estando entre elas as participações em aberturas de eventos, comemorações de aniversário de emancipação política de municípios, eventos religiosos, solenidades cívicas, militares, etc.

O repertório executado é considerado eclético, contendo dobrados, valsas, boleros e músicas populares que estão na mídia. Assim, a banda da Polícia tem se destacado em suas apresentações por executar repertório apreciado tanto pelas grandes massas, quanto pelo ouvinte exigente, atingindo, portanto, a indivíduos pertencentes às distintas camadas sociais.

O arquivo musical é um dos mais antigos do Estado do RN, possuindo acervo diversificado, procurado por músicos da capital e interior e por outros Estados e municípios, tendo importante valor histórico-cultural e um vasto material para pesquisa musical.


Banda da Polícia Militar do RN, aniversário 122 anos (16/07/2008)
Fonte: arquivo pessoal


Os instrumentos musicais utilizados pelo grupo são diversificados compostos pelos seguintes naipes: madeiras, sopros e percussão. Em ocasiões especiais é acrescida a banda instrumentos eletrônicos como o teclado, baixo e guitarra.A banda é formada por policiais militares com diferentes graduações assim distribuídas: um oficial maestro responsável pela banda e os demais músicos são classificados como instrumentistas. Divide-se da seguinte maneira: um 2º Tenente, 1os sargentos, 2ossargentos, 3os sargentos e soldados. Todos são funcionários públicos do Governo do Estado do Rio Grande do Norte.
REFERÊNCIAS



GALVÃO, Cláudio. A desfolhar saudade: uma biografia de Tonheca Dantas. Departamento Estadual de Imprensa/Gráfica Santa Maria. Natal, 1998.


WANDERLEY, Rômulo. História do Batalhão de Segurança. ed. Walter Pereira S/A. Natal, 1969.


Um comentário:

Anônimo disse...

ja adicionei um link


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