quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Louis Armstrong


Louis Armstrong em 1953, com seu trompete. Armstrong é muito conhecido também por sua voz de alto timbre.



Nome completo
Louis Daniel Armstrong



Apelido
Satchmo, Pops





Data de morte
6 de Julho de 1971 (69 anos)Nova Iorque, Estados Unidos



Gêneros
Jazz, Dixieland, Swing, Pop Tradicional







Período em atividade
1914 - 1971




Afiliações
Joe "King" Oliver, Ella Fitzgerald, Kid Ory






1. Infância

Armstrong nasceu numa família muito pobre. Passou a sua juventude na pobreza num duro bairro de Nova Orleães, conhecido como “as costas da cidade”. O seu pai, William Armstrong, abandonou a família quando Louis ainda era criança e casou-se com outra mulher. A sua mãe, Mary Albert Armstrong, deixou Louis com a sua tia, o seu tio e a sua avó. Aos cinco anos ele voltou a viver com a sua mãe e via o pai muito raramente. Ele esteve na Fisk School for Boys onde pela primeira vez entrou em contacto com a música. Levou algum dinheiro para casa como entrega-jornais e sapateiro ambulante contudo, isso não era suficiente para manter a sua mãe longe da prostituição. Fascinado e intrigado, passou a entrar à socapa em bares de música perto de sua casa para ouvir e ver os cantores.


Armstrong nascera no fundo da pirâmide social, numa cidade altamente segregada. Apesar disso, ele vivia num constante fervor de música, no seio do que se costuma chamar Ragtime, mas que ainda não era Jazz. Conheçeu também dias muito difíceis mas, Armstrong olhava para a sua juventude como o pior momento da sua vida e, por vezes, até retirava inspiração dela: “Every time I close my eyes blowing that trumpet of mine, I look right in the heart of good old New Orleans... It has given me something to live for.” Todas as vezes que eu fecho os meus olhos tocando aquela minha trompeta, eu olho logo no coração da boa velha Nova Orleães... dá me algo para eu viver.”



Conseguiu comprar uma trompeta, com dinheiro emprestado de uma família imigrante russa-judia, os Karnofskys que, até ao final da sua vida considerou como membros da família visto terem cuidado dele vários dias e noites, enquanto a sua mãe trabalhava. Por essa razão, Louis usou uma Estrela de David para o resto da sua vida.




Após sair da Fisk School aos 11 anos, Armstrong formou um quarteto que tocava na rua tocar para ganhar algum dinheiro e também por esta altura ele começou a meter-se em sarilhos.





O tocador de corneta Bunk Johnson ensinou-o a tocar por ouvido no Dago Tony’s Tonk em Nova Orleães, apesar de Louis ter dado crédito a um músico, de seu nome, Oliver, nos anos seguintes. Armstrong desenvolveu fortemente a sua maneira de tocar trompeta na banda de New Orleans Home for Colored Waifs, onde ele fora várias vezes enviado por delinquência juvenil (mais notavelmente por disparar a arma do seu padrasto para o ar numa celebração de Véspera de Ano Novo, assim confirmam os registos policiais) . O professor Peter Davis instalou disciplina e providenciou educação musical ao rapaz. Eventualmente, Davis fez Armstrong o líder da banda. A Home tocou por toda Nova Orleães e o rapaz de 13 anos passou a tomar atenção ao modo como tocava trompeta, começando uma nova carreira musical. Aos 14 anos ele saiu da Home e viveu com o seu pai e nova madrasta e depois com a sua mãe, as ruas e as suas tentações. Armstrong ganhou o seu primeiro emprego nocturno no Henry Ponce’s, onde Black Benny se tornou o seu protector e tutor. Queimava carvão na fábrica de dia e tocava trompete à noite.





Ele tocou frequentemente nas Brass Band Parades e ouviu os músicos mais velhos sempre que podia, aprendendo com Bunk Johnson, Buddy Petit, Kid Ori e, acima de tudo, com Joe “King” Oliver, que actuou como mentor e figura paternal para o jovem músico. Mais tarde, ele tocou nos riverboats de Nova Orleães, trabalhando com o ilustre Fate Marable subindo e descendo o Mississipi. Ele descreveu o tempo passado com Marable como indo para a universidade, o que lhe proporcionou uma experiência única.





2. Carreira



Em 19 Março de 1918, Satchmo ( a alcunha de Armstrong ) desposou Daisy Parker de Gretna, Louisiana. Eles adoptaram uma criança de 3 anos, Clarence Armstrong, cuja mãe, a prima de Louis, Flora, morrera no parto. Clarence Armstrong foi doente mental ( resultado de uma pancada em tenra idade ) e Louis passaria o resto da sua vida a tomar conta dele. Louis divorciou-se de Daisy e pouco depois, esta faleceu.




Durante as suas experiências de “Riverboat”, a música de Armstrong começou a amadurecer. Aos vinte anos, já conseguia ler partituras e começou a tocar grandes e prolongados solos de trompeta, sendo um dos primeiros Jazzmen a fazê-lo e introduzindo a sua personalidade e estilo nos seus solo turns. Ele acabara de aprender como criar um som único, e começara a cantar nas suas performances. Em 1922, Armstrong foi para Chicago, por convite de Joe “King” Oliver, para se juntar à sua “Creole Jazz Band” onde ganhava o suficiente sem ter de actuar nos velhos clubes nocturnos. Chicago, a cidade do vento, estava povoada de muitos negros, que após trabalharem nas fábricas, tinham algum dinheiro para gastar numa ida ao bar.




A banda de Oliver foi a melhor e mais impressionante jazz band em Chicago nos anos 20, numa altura em que esta cidade era o centro do universo do Jazz. Armstrong viveu como um rei em Chicago, no seu próprio apartamento, com a sua própria casa de banho privada ( a sua primeira ). Entusiasmado de se encontrar nesta cidade, começou a escrever cartas nostálgicas aos seus amigos em Nova Orleães. À medida que a carreira de Armstrong crescia, ele era desafiado a “cutting contests” por hornmen tentando acabar com o novo fenómeno no entanto, falharam. Armstrong fez as suas primeiras gravações nas Gennett e Okeh labels ( os recordes de jazz estavam a começar a rebentar por todo o país ), incluindo alguns solos e breaks, enquanto segundo trompete na banda de Oliver em 1923. Por esta altura, ele conheceu Hoagy Carmichael ( com quem ele colaboraria depois ) que foi introduzida por Bix Beiderbecke, seu amigo, que agora possuía a sua “Chicago band”.




Armstrong adorou trabalhar com Oliver, mas a sua segunda mulher, a pianista Lil Hardin Armstrong, fez com que este desenvolvesse o seu novo estilo afastado de Oliver. Ela convençeu o seu marido tocasse música clássica nas igrejas, para aperfeiçoar o seu estilo e experimentasse tocar sem banda, além dos solos, e com coral religioso. A influência de Lil determinou eventualmente a relação entre Armstrong e o seu mentor, especialmente as questões do salário e dos dinheiros adicionais que Oliver afastava dele e dos outros membros da banda. A banda desfez-se em 1924 e Armstrong foi convidado a ir à cidade de Nova Iorque para tocar com a Fletcher Henderson Orchestra, a banda Américo-Africana de mais sucesso naquele período. Louis aprendeu como tocar em orquestra pela primeira vez.





Armstrong rapidamente adaptou-se ao mais controlado estilo de Henderson e os outros músicos rapidamente tomaram Armstrong como um músico emocional e natural.





Durante esta altura, Armstrong efectuou várias gravações, arranjadas por um seu velho amigo de Nova Orleães, o pianista Clarence Williams, estas incluíam concertos de banda Williams Blue Five ( na qual Armstrong entrava ), alguns solos de jazz e uma série de acompanhamentos com tocadores de Blues, incluindo Bessie Smith, Ma Rainey e Alberta Hunter.





Armstrong regressou a Chicago em 1925 devido à sua mulher, que queria incentivá-lo a prosseguir com a sua carreira. Ele gostou muito de Nova Iorque e admitiu que a Henderson Orchestra era bastante limitada. Ele começou a fazer gravações com o seu próprio nome com os famosos Hot Five e Hot Seven, produzindo grandes êxitos como Potato Head Blues, Muggles ( uma referência à marijuana ) e West End Blues.




O grupo incluia Kid Ory ( trombone ), Johnny Dodds ( clarinete ), Johnny St. Cyr ( banjo ), a mulher de Armstrong e, normalmente, nenhum tamborista. Armstrong conduzia a banda muito bem, assim o comprova St. Cry: “One felt so relaxed working with him…he always did his best to feature each indidual” Todos relaxavam ao trabalhar com ele…ele fazia sempre o seu melhor para realçar cada um dos membros da banda. As suas gravações com o pianista Earl “Fatha” Hines e a introdução de Armstrong em West End Blues permanecem as mais famosas influências na história do Jazz. Armstrong era agora livre de desenvolver o seu estilo pessoal como ele quisesse.




Armstrong também tocou com “Erskine Tate’s Little Symphony”, no teatro de Vendome. Eles forneceram música para filmes mudos e shows ao vivo, incluido versões de música clássica “jazzeadas” entre as quais Madame Butterfly, o que proporcionou a Armstrong experiência com novos tipos de música e actuações perante uma grande audiência. Tornaram-se a banda de Jazz mais famosa na América e os jovens músicos adoravam e admiravam o novo estilo de Armstrong.




Após separar-se de Lil, Armstrong começou a tocar no café Sunset para Joe Glaser, um associado de Al Capone. Na Carrol Dickerson Orchestra, com Earl Hines no piano, que rapidamente foi transformada na Louis Armstrong’s Stompers, Armstong fez amizade vitalícia com Hines e dirigiu, pela primeira vez, um grupo musical.





Armstrong regressou a Nova Iorque em 1929, onde ele tocou na orquestra do musical Hot Chocolate e fez uma particpação especial na banda de Charles John Degoniah. Ele começou a trabalhar no Connie’s Inn em Harlem, o segundo clube nocturno mais famoso da “Big Apple”. Armstrong teve também um sucesso considerável com as gravações vocais, incluindo versões das famosas músicas compostas pelo seu velho amigo Hoagy Carmichael. As suas gravações de 1930 ganharam vantagem total devido ao “ribbon microphone” ( microfone de peito ) sobre todas as outras gravações de bandas da época, com menos qualidade. A mais famosa foi: “Stardust”, que até hoje permanece uma das gravações com mais lucro de Armstrong. O único som vocal e estilo de Armstrong, e a sua inovadora maneira de cantar já se tinha tornado standart, no entanto, esta ainda continuava a “deixar as pessoas loucas”.





A Depressão dos anos 30 atacou de forma violenta o Jazz. Bix Beiderbecke faleceu e a banda de Fletcher Henderson dispersou-se. Muitos músicos deixaram de tocar nos clubes nocturnos e alguns deixaram mesmo de ser músicos. King Oliver fez algumas gravações mas não tiveram exito nenhum. Sidney Bechet tornou-se alfaiate e Kid Ory regressou a Nova Orleães para criar galinhas. Armstrong deslocou-se para Los Angeles em 1930 à procura de novas oportunidades. Ele tocou no New Cotton Club em L.A. com Lionel Hampton nos tambores. Em 1931 Armstrong apareceu no seu primeiro filme: Ex-Flame. Ele regressou a Chicago em Dezembro de 1931 e tocou nas bandas de Guy Lombardo e Raphael Minsby onde foi relembrado pelo público. Viajou por quase todos os estados e em Março de 1934 regressou a Nova Orleães, onde foi recebido como um herói. Ele patrocinou uma equipa de basquetbol local, “Armstrong’s Secret Nine”, e deram-lhe o seu nome a um tipo de cigarro. Mas pouco tempo depois, ele regressou à estrada e foi novamente esqueçido, o que fez com que ele fugisse para a Europa.




Após regressar aos E.U.A., ele tomou várias longas e exaustivas digressões. O seu agente, Johnny Collins, fez com que Armstrong ficasse com pouco dinheiro. Ele despediu-o e contractou Joe Glaser, que resolveu as suas dividas e os seus processos.




Ele regressou ao cinema e participou num programa de radio, Rudy Valley’s Show, em que ele entrevistou muitos músicos e tocou alguns solos. Divorciou-se de Lil em 1938 e casou com a sua nova namorada , Alpha.



Após muitos anos na estrada, ele fez residência em Queens, Nova Iorque em 1943 com a sua quarta mulher, Lucille. Apesar de alguns ataques racistas ( roubar o correio, atirar pedras à casa ) integrou-se bastante bem com os negros e alguns brancos do seu bairro.




Durante os trinta anos seguintes da sua vida, Armstrong tocou inúmeros solos e com inúmeras bandas, paricipou em imensos filmes mas sobretudo descansou pois passar da miséria: de entrega-jornais, duma família despedaçada e de uma casa a cair aos pedaços para a riqueza: uma carreira de sucesso, uma família unida e de uma casa boa, dá muito trabalho.




3. Os All Stars


O agente de Armstrong, Joe Glaser, acabou com uma banda que ele tinha formado, e recomendou a Armstrong a criação de uma nova banda formada por pessoas suas amigas. O grupo chamou-se os All Stars e incluiu Earl “Fatha” Hines, Barney Bigard, Edmond Hall, Jack Taegerdon, Jesmiah Burt, Trummy Young, Arvell Shaw, Billy Kyle, Marty Napoleon, Big Sid Catlett, Cozy Cole, Barrett Deems e Danny Barcelona.




Em 1964 ele atingiu o maior recorde de vendas, ultrapassando ainda as suas antigas gravações com “Hello, Dolly!”. A música ficou em primeiro lugar nos Top 10, fazendo com que Armstrong, com 63 anos de idade, a pessoa mais idosa a conseguir tal feito, destronando até os Beatles, que estavam, por 14 semanas seguintes, em 1º lugar!



Antes de morrer, em 1971, andou por todos os continentes, excepto a Oceânia e a Antárctica, em digressão, ganhando o nome de “Embaixador Satch”.



4. Características da sua música



Nos seus primeiros anos, Armstrong foi mais conhecido por tocar corneta e trompete. Também nos seus primeiros anos, a melhor e mais conhecida música foi os Hot Five e Hot Seven. Ainda hoje ele é conhecido por isso.



As gerações de músicos jazz, do final da vida de Armstrong, lembram-se dele como sendo o homem das improvisações, no bom sentido. Considera-se o estilo de Armstrong cheio de originais, divertidas, criativas e relaxantes ritmos. Ao longo dos anos, a música de Armstrong foi ficando cada vez mais perfeita, não havendo erros em nenhuma das suas músicas.



Resta dizer que Armstrong foi fortemente influenciado por Martin Luther King no tipo de músicas que ele tocava e nas letras, que eram algumas vezes acerca do racismo e da necessidade, da altura, de acabar com este.



Louis Armstrong é considerado senão o maior dos músicos Jazz.



5. O fim de Satchmo



Louis Armstrong morreu de ataque cardíaco em 6 de Julho de 1971 com a idade de 69 em Corona, Queens, Nova Iorque, 11 meses após tocar o seu último solo na Sala Imperial do Waldorf Astoria. As suas últimas palavras foram: “I had my trumpet, I had a beautiful life, I had a family, I had Jazz. Now I am complete.” Eu tive o meu trompete, uma vida linda, uma família, o Jazz. Agora estou completo.



6. O Jazz



O Jazz é uma manifestação artística-musical origináris dos E.U.A. Tal manifestação teria surgido por volta do início do século XX na região estadunidense de Nova Orleães e nas suas proximidades, tendo na cultura popular e na criatividade das comunidades negras que ali viviam, um dos seus espaços de desenvolvimento mais importantes.



O Jazz criou-se através da mistura de várias tradições musicais, em particular, a afro-americana. Esta nova forma de se fazer música incorporava blue notes, chamada e resposta, forma sincopada, polirritmia, improvisação e notas com swing do Ragtime. Durante o seu desenvolvimento inicial, o Jazz incorporava hinos religiosos ingleses e europeus.
Os instrumentos musicais usados para o Jazz são aqueles usados em bandas marciais e de dança: metais, palhetas e baterias. O clarinete, a corneta e os trompetes eram os mais comuns. Tocava-se o piano e por vezes via-se um contrabaixo. A bateria era costume e muitas vezes os “pratos” complementavam a banda.



A primeira banda de músicos Jazz, The Jazz’s Sons, de Nova Orleães, tentaram espalhar este estilo por onde iam e, pelos vistos, tiveram muito sucesso pois ainda hoje sentimos a sua influência.


7. Discografia


1923: King Oliver’s Creole Jazz Band
1924-1925: Clarence Williams’ Blue Five
1925-1927: Louis Armstrong & His Hot 5/Louis Armstrong & His Hot 7
1947: Satchmo at Symphony Hall
1951: Satchmo at Passadena
1954: Louis Armstrong Plays W.C. Handy
1955: Louis Armstrong at the Crescendo
1956: Ella & Louis
1957: Ella & Louis Again (Porgy and Bess)
1961: Together for the First Time
1963: Hello, Dolly!
1997: The Complete Ella & Louis on Verve
1998: Here comes Louis! (compilação)



8. Filmografia


1930- Ex-Flame
1932- Black and Blue
1932- I’ll Be Glad When You’re Dead
1936- Pennies From Heaven
1937- Artists & Models
1937- Every Day Is a Holiday
1938- Dr. Rhythm
1943- Going Places
1943- Cabin in the Sky
1944- Show Business at War
1944- Jam Session
1944- Atlantic City
1945- Pillow to Post
1947- New Orleans
1948- A Song Is Born
1950- Young Man with a Horn
1950- I am in the Revue
1951- The Strip
1952- Glory Alley
1953- The Road to Happiness
1953- The Glenn Miller Story
1956- High Society
1957- Roses Are For Ladies
1958- Satchmo, the Great (documentário)
1959- The Night Before the Premiere
1959- The Five Pennies
1959- The Beat Generation
1959- La Paloma
1959- Koerlighedens Melodi
1960- Jazz on a Summer’s Day
1961- Paris Blues
1961- Auf Wiedersehen
1965- When the Boys Meet the Girls
1969- Hello, Dolly!



9. Bibliografia


www.redhotjazz.com
www.satchmo.com
O guia do Jazz ( disponível na nossa biblioteca )
A “Biblia” da Música ( muito raro de encontrar- Porto ) edições Gradiva
A Música no Tempo, edições Gradiva



Um comentário:

Anônimo disse...

Quero lembrar que a Banda de Música esta desativada, segundo o prefeito não é prioridade.